domingo, 4 de julho de 2010

Julieta II

Julieta, ontem, dormiu ainda cedo. O sono era pesado. Ela dormiu "como um anjo". Acordou cedo. E, enquanto caminhava rumo ao seu trabalho, pisava leve. Pensou em como era bom ter o coração tranquilo. Era como se ela pudesse olhar para seu interior e ver o coração, com dentes bem brancos, dando-lhe um sorriso largo.

Ela estava até meio assustada com esse sentimento de liberdade, que invadiu seu ser, de forma tão rápida. Era como se tivesse mesmo asas, e estivesse voando num plano terreno de felicidade plena.

Ela ainda pensa no "Romeu", mas, é um pensamento puro, sem raiva. Engraçado, porque ela não sente saudade, não sente desejo, nem se preocupa com o que ele possa estar fazendo, se já tem outra amada, se saiu por ai à procura de outros encontros.
Nada, absolutamente nada importa.

O que Julieta sente neste momento é que existia nela um veneno, que a consumiu por muito tempo; que ela estava a beira da morte e foi resgatada, por alguma coisa inexplicável, que a faz andar literalmente nas nuvens.

Julieta não tem pressa de encontrar outro Romeu. Muito tranquila, sabe que a calma e o tempo trão, no momento certo, outro amor.

O amor e o ódio que Julieta sentiu pelo "Romeu", quando ele disse que não a amava, foram dissipados pelos ares, muito antes do que ela mesma esperava. Parece que o feitiço foi quebrado e o encanto daquele amor também.

Ela pensa que talvez tenham sido tantas dores sofridas, tantas mágoas, que o coração, por conta própria, resolveu se libertar, sem que ela pudesse perceber.

A dor foi embora.
Julieta está livre, sem medos.

Romilda Santos

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