quinta-feira, 8 de julho de 2010

Minha Verdade

Quisera eu me fazer de surda, assim talvez eu engula essa lingua e se então fico muda;
Morro asfixiada com a voz do meu pensamento...

Romilda Santos

domingo, 4 de julho de 2010

Julieta II

Julieta, ontem, dormiu ainda cedo. O sono era pesado. Ela dormiu "como um anjo". Acordou cedo. E, enquanto caminhava rumo ao seu trabalho, pisava leve. Pensou em como era bom ter o coração tranquilo. Era como se ela pudesse olhar para seu interior e ver o coração, com dentes bem brancos, dando-lhe um sorriso largo.

Ela estava até meio assustada com esse sentimento de liberdade, que invadiu seu ser, de forma tão rápida. Era como se tivesse mesmo asas, e estivesse voando num plano terreno de felicidade plena.

Ela ainda pensa no "Romeu", mas, é um pensamento puro, sem raiva. Engraçado, porque ela não sente saudade, não sente desejo, nem se preocupa com o que ele possa estar fazendo, se já tem outra amada, se saiu por ai à procura de outros encontros.
Nada, absolutamente nada importa.

O que Julieta sente neste momento é que existia nela um veneno, que a consumiu por muito tempo; que ela estava a beira da morte e foi resgatada, por alguma coisa inexplicável, que a faz andar literalmente nas nuvens.

Julieta não tem pressa de encontrar outro Romeu. Muito tranquila, sabe que a calma e o tempo trão, no momento certo, outro amor.

O amor e o ódio que Julieta sentiu pelo "Romeu", quando ele disse que não a amava, foram dissipados pelos ares, muito antes do que ela mesma esperava. Parece que o feitiço foi quebrado e o encanto daquele amor também.

Ela pensa que talvez tenham sido tantas dores sofridas, tantas mágoas, que o coração, por conta própria, resolveu se libertar, sem que ela pudesse perceber.

A dor foi embora.
Julieta está livre, sem medos.

Romilda Santos

Julieta I

Julieta sobe as escadas, no escuro, e vai pensando no que fizera da sua vida nos últimos anos.
Pensa no seu amado, que agora já vira para o canto da cama e dorme tranquilamente. Dorme como um anjo e aliviado por ter tirado-lhe um peso das costas.
Nesta noite, em que Romeu, que não era "Romeu" disse para Julieta que ela fosse embora, que ele já estava à espera de outra amada, a crise e a dor, que ela tanto tinha medo, veram afinal.
Sozinha pelos cantos de sua casa, Julieta sente a a explosão da dua dor solitária. Chora, mas não soluça. Ninguém pode ouvir seus lamentos. Engole seco. Coloca a cabeça no travesseiro e procura o sono em vão. Ela, que tanto fizera para que este momento não chegasse, estava atravessando do amor para seu inferno de dor.
Julieta não pensou em morrer, mesmo sendo sufocada por tamanha desilusão.
O dia amanhece, ela sente uma clareza que quase anula todo o amor que sente, e nem entende que espécie é essa de liberdade que se alcança nesse instante. Ela tem medo, mas se sente grande, maior que ela mesma. Sente-se capaz de atravesar todo o deserto, que ela tem certeza que há,e, também, sabe que ainda está por vir. Por mais profunda que seja a sua dor, ela sente que o verdadeiro amor ainda não chegou.
Do "Romeu", talvez saudade...
Julieta está triste agora...
Mas, ela sabe que será mais feliz depois.

Romilda Santos