sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Encerrando Ciclos

O que seria da vida se não fosse a possibilidade de reinvenção, muitas vezes desmontamos toda uma história, morremos um pouco e choramos uma saudade já engasgada na garganta.

O fechar das caixas, a limpeza das gavetas, os papeis velhos que jogamos fora é o fechar do ciclo.
Já perdi as contas de quantas vezes eu já me reinventei, mas sei contar toda as alegrias que a vida já meu deu, a tristeza eu sempre esqueço e jamais lamento um fato que não saiu como esperado; sempre olhando para o aprendizado de cada lição e me surpreendo com a velocidade que as coisas mudam.
Aliás a vida para mim é um constante movimento, isso é energia!

São incontáveis vidas que já vivi, são incontáveis as pessoas que cruzaram meu caminho, gente boa e gente ruim, mas se bem que as pessoas ruins não conhecem a minha alma; então é como não ter importância nenhuma e eu simplesmente esqueço.

Agora as pessoas boas, são sempre comigo de alguma forma, cada uma do jeito especial tem um canto guardado no meu coração e que de vez em quando um cheiro de uma manhã me faz lembrar alguém, um vento que traz outra lembrança gostosa e isso me deixa com saudade, mas feliz de ter compartilhado momentos de verdade.

Já me enganei também, já acreditei muito mais do que devia acreditar, já me doei para quem sequer merecia e aí de alguma forma a dor é um pouco mais complexa, mas também passa e o caminho segue. Já me surpreendi com atitudes boas de quem eu não esperava e que me fez chorar de emoção.

Tudo isso chama vida e sou do tipo que valoriza esses movimentos, sou do tipo que é otimista e acredita no amanhã.
E não dá para se arrepender de nada do que foi feito, no mínimo reconhecer e aprender que pode ser feito melhor da próxima vez!


Romilda Santos

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Nua e Crua

Sou feita de carne e osso
Sou feita da Verdade
Sou minhas cicatrizes e meus recomeços
Sou meu sorriso
Sou minhas lágrimas
Sou a vida que ferve
Não me serve o que sufoca
Não me cabe o que é pouco
Sou feita de sentimentos
Sou gente que ama gente
Sou gente que cai e não se envergonha
Sou gente que tem força
Sou completa de muitas alegrias
Qualquer coisa pode ser qualquer coisa Só não pode ser vazio!

Romilda Santos

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Solidão não é só tristeza


Foi fazendo tanto barulho
que veio o desejo do silêncio
Um ciclo abre e outro fecha.
Chega o dia de sofá vazio
E quem se mete a fazer barulho é uma tal de solidão

Coração gritando
Olhos trincados
 Lava meu rosto  dona lágrima
Passa essa roupa amarrota da minha alma

Deixei agora há pouco as janelas escancaradas
Chamei pelo vento e já dei permissão:
- Entra vento e arruma essa bagunça
De um jeito ou de outro
Vida que vai seguindo
Tempo que vai voando
Um novo sorriso que já vai nascendo.


Romilda Santos

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Trocando sapatos


Meus sapatos,
São somente sapatos
Apertado sem nenhum passo
Nessa estrada estreita que me espreita
Vou sem medo
Depois da esquina
Meu encontro é leve
Tenho pés descalços
Já não me servem estes pares.

Ditados iguais
Não cabem mais nos meus dias...
Vi um rosto que era invisível
Sem nome e sem crença
Que a Des “Graça” era sem graça
Minha garganta ficou seca
Caminho pela porta da rua
Numa fresta de vida eu sei
Sou dona dos meus passos.


Romilda Santos

domingo, 9 de julho de 2017

Falando de mim


As pessoas querem sentar em uma roda, falar de coisas, contarem suas histórias, ter opiniões sobre vagos assuntos e desejam fortemente serem aceitas, causando boas ou más impressões.
Eu até tento fazer parte deste universo que para mim soa como superficial, um esforço para ser natural naquilo que não sou natural.

Os encontros marcados não são os meus favoritos, prefiro os encontros que acontecem sem data, hora ou qualquer previsibilidade do que possa acontecer.
E sempre que tento fazer esses encontros marcados, fico meio sem energia com a sensação do que foi dito não foi sentido, dito por dito, fica melhor não dito.
Sempre tenho uma espécie de culpa quando a conversa fica na superfície, sou dos grandes mergulhos e de fôlegos maiores.
Não encontro no raso a calma e a serenidade que as profundidades proporcionam.
Meus sentimentos são melhores no silêncio.

Nunca fui das grandes baladas, sempre preferi ir dormir em sábado à noite do que passar a noite equilibrando em salto, tentado a melhor paquera.
Quando entrei para a faculdade o tempo que passava juntos aos colegas, a proximidade e a busca pelo diploma, tornou-se o assunto importante e por causa dos mesmos interesses conseguíamos estar sempre juntos, ora para estudar, ora para tomar um vinho ou comer macarrão (já que era o prato mais fácil e barato de fazer), as longas reuniões em fins de semanas, poucas pessoas, comida, violão, intimidade, tornou-se fácil contar e recontar histórias, passando por momentos únicos de riso e muita leveza.

Neste tempo entendi que preciso intimidade com as pessoas para que eu goste de estar com elas e nenhum encontro passa a ser forçado ou por obrigação de fazer parte de qualquer assunto que a sociedade as vezes impõe.
Existem pessoas que em um único encontro, traz a alma exposta e a conexão é imediata, dispensa qualquer formalidade de apresentação, a energia boa faz o resto fluir.

Gosto das pessoas que eu não preciso buscar nenhuma aprovação para ser aceita, gosto de gente que tem naturalidade e a aceitação não é um proposito e sim o que acontece sem ao menos esperar.
Gosto dos assuntos que nascem sem serem planejados, gosto do simples.

As relações estão cada dia mais distantes de serem reais, a tecnologia nos afastou muito e vamos nos tornando seres cada vez mais intocáveis, seres invisíveis.

Sou bicho que gosta de solidão, sou gente que gosta de gente que sente a vida, tenho pressa da vida que passa depressa demais.


Romilda Santos

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Ilusão


Por um descuido que se deu devaneios
Aconteceu detrás de um vão de pensamentos
Foi doendo feito costelas quebradas
Igual arroz socado no pilão

Era alma cortada em sangue vivo
Não era do destino aquilo que se sentia
Divagou dizendo que era bonito

Venceu a razão de um dia
Pairando no ar uma dúvida do que foi verdade
Sentimento sem sentidos
O que resta é um vago pensamento de uma ilusão
Ou realidade ?

Romilda Santos

terça-feira, 30 de maio de 2017

Furacão

Escrevo e parece não se esgotar
o que tenho para dizer
Depois me calo
E quando a fala não escreve
É o coração que grita
Grita para espantar o silêncio
que enlouquece pensamento
De tanto vento que não faz nenhuma ventania
Faço eu mesma meu redemoinho
Qualquer hora faço furacão
Das tempestades eu bem sei viver!

Romilda Santos

terça-feira, 28 de março de 2017

Um tal Maturidade


Por falar de maturidade, talvez eu não seja o que você espera de mim, mas e dai nem sempre o que eu espero é o que consigo.

A maturidade nos dá esse presente incrível, que é sofrer menos e não ter tantas expectativas sobre fatos ou pessoas, a gente passa a viver a cada dia e se o que queremos não saem como o planejado, tudo bem também, um passo a frente, e que venha o próximo assunto.

Não existe mais tempo para lamentações e com angustias descabidas, não se perde a fome e nem o sono por qualquer bobeira,porque já aprendemos que certas coisas são como são e isso não é problema.

A vida fica mais leve, as duvidas existem sim,  mas a certeza do que a gente não quer já é um  ganho imenso.

A maturidade não faz uma vida menos intensa , a intensidade também pode ser sentida e vivida de forma mais plena e sem perdas.

Maturidade não é idade, é a sabedoria que a vida nos dá.
Conheci muita gente com idade avançada sem nenhuma maturidade, mas já conheci  jovens com a maturidade e a sabedoria de dar inveja.

Eu vi um menino com Cem anos, com a alegria da sua idade e com a sabedoria de uma vida toda.



Romilda Santos

domingo, 12 de março de 2017

Copo D' água

Tenho sede, levanto devagar, só preciso de um copo d’água.
Passando pela sala paro sem conseguir continuar, o plano era ir somente até a cozinha.
A boca agora estava ainda mais seca, vi na parede Frida Kalho presa no quadro amarelo, olhando fixo para mim, senti que ela repreendia meus passos que apesar de rápidos não faziam mais barulho e sequer sabiam aonde estavam pisando, senti um aperto no peito e fui para o lado sofá, sentei e fiquei a pensar no pé que ela não tinha, mas que ela transformou em asas, no meio de toda sua tragédia.
Absorta por pensamentos, levantei os olhos e vi mais adiante na mesa a minha Clarice Lispector, ela estava mais serena e tinha um sorriso e com sua máquina de escrever ia tecendo as palavras, escrevendo o roteiro de uma vida e no escuro mesmo eu li que cada qual conta sua história, que o medo faz parte e prender-se a ele é nunca conhecer o outro lado do horizonte, que não existem arrependimentos, talvez saudade do que possa deixar de existir, mas que sempre em cada amanhecer é de novo, uma nova história.
Percebi que nunca vamos ser iguais no dia seguinte, o que somos é somente hoje, amanhã no máximo teremos a memória de ontem e repetiremos nossos atos e o que aprendemos, fazendo com que pareça que ainda somos os mesmos; todo dia é novo para ser novo.
Já era hora de ir buscar meu copo com água, alguns metros e eu posso saciar essa sede, mexi no sofá ainda sobre o olha da Frida do quadro amarelo na minha sala, com o barulho que a máquina de escrever da Clarice fazia sem cessar.
Não consegui ir até o meio da sala sem ser interrompida novamente por outro olhar em outro quadro, esse olhar eu bem conhecia, mas já fazia tempo que não mais o via.
Li sua poesia e ela dizia: “ Eu sou Poeta”.
Falei em voz alta de novo repetindo para mim mesma: Eu sou poeta.
Fez silencio na minha sala, não tinha máquina de escrever e não tinha ninguém mais me olhando, era somente eu e o meu olhar, eu olhava para mim mesmo, ouvia meus pensamentos e sentimentos.
De forma clara e uma leveza que transcendia eu compreendi que o caminho não para por aqui. Amanhã quando eu acordar com as lembranças do que fui e sou, vou nascer de novo para os sonhos, entre o pôr do sol e a lua que brilha vou contar para meus ouvidos os segredos do que é viver. 

De uma explosão intensa e tanta coisa por fazer que a vida parece pequena, é melhor apressar o passo, não quero que Frida me diga outra vez, que não sei caminhar com meus próprios pés.
A minha máquina tem barulho por fazer.
Tomo meu copo de água gelada, para matar a sede bem depressa!
Romilda Santos

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

No meu lugar


Hospício aqui me tens
Eu vim pelas minhas próprias pernas e vim porque quis
Não me amarraram e nem me forçaram a nada
Abra a porta e me deixe entrar
Tenho medo dessa gente que dizem que sou louca
Tenho medo que me aprisionem neste mundo que não reconheço...
Minha loucura é não ser como tantos são
Seres sem alma
Sem Verdade
De pouco sentimento
De muito ego
Das tantas vaidades
Me perco entre tantos
Hospício meu hospício
Me deixe entrar
Quero falar de anjos...
Romilda Santos

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Evaporar

Hoje acordei pensando na palavra evaporar, tantas vezes a gente diz: "quero evaporar"
Fui no dicionário formal:
Evaporar: Transformar-se, converte-se liquido em vapor.

Converte-se ? Não isso não, eu não quero deixar de existir, eu EXISTO.

Transformar-me, vivo de transformações, seja mudando de trabalho, de cidade, novos amigos, outros conhecimentos, no cabelo sou mestre, já fui loira, ruiva, morena, cabelos longos, cabelos curto, como dizia um velho amigo meu: "Ela não se pode dizer, é aquela morena ou loira, pode ser que já não seja mais..."

Hoje eu quero evaporar, viajar nas minhas transformações, eu não me canso de transformações; eu me canso do todo dia igual, eu me canso da vida morna, eu sou fogo que queima e que precisa arder de vez em quando, para fazer o mundo girar mais rápido, talvez eu fique tonta e quase caia, mas se cair também não importo em levantar, aprendi nas quedas e depois das reerguidas fico cada vez mais forte.

São as tempestades que fazem o novo amanhecer, é depois da chuva que apreciamos o sol, é o inverno que encolhe e o verão que faz saltitar.

Penso em segredo, nas coisas do meu coração inquieto...
Sou das raízes, mas sou do vento que me leva para outro lugar, quero sempre voltar para quem eu amo, mas quero ir também para ser a saudade que abraça forte.



Romilda Santos

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Mergulho

De perfeição eu passo distante
e não tenho pretensão
São meus erros que contam meus dias
e deles faço melhor essa minha existência
Do amor eu sou completa
Não me serve as pitadas de sal
Minha alma se revela para poucos
Aos que chegam... permanecem
No meu nada eu tenho tudo
Tudo o que me convém
E o que me convém é o que sinto no coração
Na solidão eu converso e me faço companhia
Sonho acordada e dou risada entre paredes
Sou grata pelo que a vida já me deu
Retribuo sempre que posso.
Já conheci o mar
Mas nunca mergulhei...


Romilda Santos

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Na beleza de uma flor

Existem livros que poucos podem ler
E nas entrelinhas não se conta história
A beleza está nas letras que dizem do 
Começo
Meio
Fim...
E o fim tem muito mais estrada a percorrer até onde não se sabe chegar.
Tenho um livro que fala da beleza das flores
Que conta que no caminho tem perfume
Que a cada amanhecer seu cheiro enche o coração de alegria
Talvez possa colher uma cesta e enfeitar-se!
Bonito mesmo é continuar vendo o jardim
De vez em quando elas morrem um pouco
Deixando triste o caminhar
Grata surpresa quando nascem novas e lindas
Alimentam de novo a esperança
Enfim
Vai sorrindo...
Romilda Santos