domingo, 4 de julho de 2010

Julieta I

Julieta sobe as escadas, no escuro, e vai pensando no que fizera da sua vida nos últimos anos.
Pensa no seu amado, que agora já vira para o canto da cama e dorme tranquilamente. Dorme como um anjo e aliviado por ter tirado-lhe um peso das costas.
Nesta noite, em que Romeu, que não era "Romeu" disse para Julieta que ela fosse embora, que ele já estava à espera de outra amada, a crise e a dor, que ela tanto tinha medo, veram afinal.
Sozinha pelos cantos de sua casa, Julieta sente a a explosão da dua dor solitária. Chora, mas não soluça. Ninguém pode ouvir seus lamentos. Engole seco. Coloca a cabeça no travesseiro e procura o sono em vão. Ela, que tanto fizera para que este momento não chegasse, estava atravessando do amor para seu inferno de dor.
Julieta não pensou em morrer, mesmo sendo sufocada por tamanha desilusão.
O dia amanhece, ela sente uma clareza que quase anula todo o amor que sente, e nem entende que espécie é essa de liberdade que se alcança nesse instante. Ela tem medo, mas se sente grande, maior que ela mesma. Sente-se capaz de atravesar todo o deserto, que ela tem certeza que há,e, também, sabe que ainda está por vir. Por mais profunda que seja a sua dor, ela sente que o verdadeiro amor ainda não chegou.
Do "Romeu", talvez saudade...
Julieta está triste agora...
Mas, ela sabe que será mais feliz depois.

Romilda Santos

Um comentário:

Unknown disse...

Dos poemas, para os pequenos contos. Depois novelas e quemsabe, romances...