segunda-feira, 25 de maio de 2009

Estrela Passada

Hoje quero deitar em qualquer lugar
que faça silêncio
olhar o céu de estrelas
e em meio a elas ver escrito a nossa história

Quero reler entre o brilho delas
cada momento tão distante já vivido
tão presente agora
Ouço meu coração batendo tão forte
como calvagar de uma tropa

Mas o que são esses sentimentos
tão quietos, tão resolvidos
que me faz perder o sono
e essa lágrima teimando descer minha face

Tanta coisa já chorei
Tanta coisa sonhei
O que mais falta sonhar?

E esse caminho por onde vai
O que mais vem nessas emoções
São minhas emoções silenciosas
São as minhas canções dentro desse peito
São as vozes que se perderam no tempo
Minha janela olhando em frente
Vendo um sol que brilha
fazendo nostalgia no entardecer
desse peito teimoso.

Vou fechar os olhos e guardar
no pensamento minha estrela passada.

Romilda Santos
25/05/09

domingo, 17 de maio de 2009

As melhores amigas da minha vida

Olho agora para toda a minha vida passada e me lembro que ainda quando criança que meu pai mudava constantemente de cidade e eu sempre tinha que deixar para trás as amigas que eu tinha feito.

Eu sempre fui uma pessoa que gostava de ter amigas, mas sempre escolhia uma para ser a mais próxima; gostava de dividir tudo com uma amiga em especial.

Aos noves anos conheci Maristela, era branquinha, loirinha e dentuça, mas me lembro do seu rosto até hoje e de nós brincando na rua, eu simplesmente adorava Maristela, acho que a cidade se chamava São Sebastião do Pontal.

Ainda me lembro do dia da mudança de cidade novamente que Maristela correu para me dar uma fotografia dela, ela usava um vestido estampado todo florido e lá estava seu sorriso enorme. Guardei a foto por muito tempo e ainda acho que está guardada na casa da minha mãe, tinha saudade dela, mas naquele tempo, não existia, celular, msn, orkut, nada destas coisas virtuais que fazem a gente saber onde o outro está, estas modernidades que hoje existe e que de certa forma podem nos manter vivos na memória das pessoas. Ás vezes penso o que foi feito dela, será que ela se casou, teve filhos. Aonde andará minha primeira amiga de infância?

Eu nunca entendia porque eu tinha que deixar para trás as pessoas que eu gostava, eu achava que por eu gostar de alguém ela tinha que fazer parte da minha vida para sempre, eu não entendia porque eu não iria mais ver uma pessoa que eu gostava, aquilo sempre me machucava muito.

Outra cidade e acho que tinha 10 anos nesta época, eu conheci Marileide, éramos vizinhas, quantas vezes minha mãe brigava comigo por eu ficar horas e horas na rua brincando com a inseparável Marileide. Desta vez me lembro bem esta cidade era Iturama, e minha mãe "fincou" de certa forma os pés ali e disse que não se mudaria mais, já estava cansada de tanta mudança, era sempre uma escola nova, primeiro dia de aula sempre, novos coleguinhas sempre. Não sei ao certo porque na adolescência parei de ver Marileide, sei que nunca brigamos.

Nesta cidade passei a minha adolescência e foi quando eu conheci a Luciana(Lu). A minha amiga Lu, era loira, alta e sempre me chamava com muito carinho de baixinha, minha mãe sempre implicava com ela, porque nós não desgrudávamos e a mãe dela dizia que teríamos calo na língua de tantos que conversamos.

A Lu foi minha grande companheira na escola, nas experiências novas com namorados, quando engravidei aos 16 anos, nas noites que chorava, ela estava ali sempre agüentando as minhas loucuras.

E desta vez fui eu aos 17 anos mudar de cidade, queria mudar de vida. A Lu também mudou, por algum tempo tínhamos o telefone uma da outra, depois as dificuldades daquele tempo e de repente a gente foi se perdendo. Uns dez anos depois eu consegui encontrá-la, estava casada, tinha um filho e morava numa fazenda. Fui até lá visitá-la, prometi voltar um dia, mas nunca voltei e acabei perdendo o contato de novo com minha amiga, não sei por onde ela anda, tenho procurado, mas não sei como encontrá-la. Lu tenho tanta saudade da nossa cumplicidade.

Comecei escrevendo isso, porque me lembrei das minhas primeiras melhores amigas da minha vida e porque eu me lembrei da Marileide, porque mais ou menos uns oito anos atrás eu soube dela, minha mãe veio me contar que ela estava casada, tinha um filho pequeno e sempre perguntava por mim; ela estava doente, estava com cancêr. Fiquei triste com a noticia e disse para minha mãe dizer que eu iria visitá-la na primeira oportunidade. Mas eu estava muito ocupada, com minha faculdade, com trabalho, namoro e eu não encontrei um tempo para fazer uma visita a minha amiga de infância. Sempre perguntava para minha mãe como ela estava, e minha mãe dizia que ela estava lutando muito contra a doença, mas que apresentava sinais de melhora. Eu não fui ver a Marileide, ela morreu e não encontrei tempo para dizer a ela que eu gostava muito dela.

Ontem estava indo a igreja e ela me veio a cabeça e senti muita tristeza por não ter parado um pouco para pensar que eu poderia ter feito uma viagem de cinco horas em qualquer final de semana, poderia ter voltado a Iturama e ter olhado nos olhos da minha amiga e ter dito a ela o quanto eu gostava dela, que nossa infância tinha sido maravilhosa, mas eu não tinha tempo. Ela se foi cedo demais, tinha 30 anos, se eu pudesse voltar só um dia no passado, eu iria até sua casa, um só dia eu queria voltar.

Acho que penso em tudo isso agora, porque mudei de cidade novamente e como mudar de cidade sempre me foi tão doloroso me vem o medo de perder para sempre de novo as pessoas que eu amo. Mesmo que hoje a modernidade permita os contatos, eu tenho medo de não mais abraçar e ver o sorriso dos que eu amo, ou de simplesmente nos perder nos caminhos desta vida.

Lembrei-me de uma coisa agora de outra amiga também chamada Lu(Lucieny), eu tinha acabado de chegar da Itália e fui passear na casa dela, ela não tinha chegado do trabalho ainda e fiquei por ali sentada no sofá esperando por ela; e o que não me esqueço foi que quando ela abriu o portão da sua casa, estava chegando junto com seu irmão e quando ela me viu sentada no sofá ela abriu um sorriso lindo, verdadeiro e disse:
"NOSSA QUE COISA BOA", ela se referia a mim, por eu estar ali, ela se referia a minha presença. Eu não me esqueço disso, desse calor humano que é o sorriso de uma pessoa que você gosta. A Lu eu também deixei em outra cidade, mas ela é a presença viva aqui no meu coração, nestes últimos anos foi na casa dela que muitas vezes encontrei colo, abraço, amizade, era como se fosse minha casa, minha família, e agora aqui longe dela, sinto uma enorme saudade daquele aconchego, das caminhada de volta do trabalho, das coisas que conversarmos de quando parávamos para comer espetinho no “Léo”. Ainda continuo sem entender os “porquês” desta vida, que temos que mudar e deixar aqueles que amamos, mesmo que às vezes a necessidade nos pareça obvia e que seja mesmo inevitável a mudança. O meu coração ainda não aprendeu a lidar com esse tal “óbvio”. As coisas mudam de lugar, as pessoas mudam, mas sentimento de amizade de verdade é coisa que não muda.

As amigas são um bem precioso na minha vida, as outras amigas que não citei o nome também são de muito valor, todas têm a sua história e momentos especiais na minha vida, para falar das Rose´s, Maria´s, Rô´s e tantas outras eu escreveria mesmo um livro.

Romilda Santos
17/05/09
Cuiabá - Mato Grosso

17/05/2009

sábado, 9 de maio de 2009

De Joelhos

De Joelhos

Estou de joelhos
E te peço não me negue suas mãos

Nesta noite
ouvi no meu sonho
o sino do trem
que tocava a hora da partida

Olhei para todos os lados
procurei um único olhar
procurei um colo
alguém para me ouvir
Ninguém se importou

Vi um caminho solitário
a minha espera
Vi nas lembranças
o Céu azul que sorria

Depois da chuva
não teve arco-íris

Eu corro na rua
o sol é quente
e meu coração fica frio
te vi no carro ao lado
Não, não era você

Essa blusa me sufoca
Este sol que me arde
Minhas lágrimas se misturam
ao suor deste calor intenso

Já é hora
tenho que trabalhar
É preto e branco a cor da minha roupa hoje
Vestida assim pareço nada sentir

Tanta gente em volta
Homens de gravata
Quem é essa gente
tão distante da alma?
Agora eu também fico distante...
Minha alma continua de joelhos.

E como diz a música:
"Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo..."


Romilda Santos