domingo, 26 de fevereiro de 2012

Escancarando meu eu


Nasci menina
daquelas que gostavam de laço e fita
Cresci virei mulher

Sou mulher que chora
Sou mulher guerreira
As vezes Leoa no cativeiro
Sou dengosa
Preciso de carinho
Choro a toa
Sou sensível
E sou forte como touro

Já virei a mesa
Já gritei bem alto
Sufoquei palavras
Exagerada
Ciumenta
Superando cada tempo
Derreto-me só com um olhar
uma palavra cruel
me faz sangrar de verdade
Já sonhei viver cada dia em um lugar
Quis ser pássaro sem destino
Depois descobri
que até passarinho constrói
sua casinha de barro

Fiz um ninho
Fiz uma parada
Ainda que observe da janela
a vida que vai passando
faço um aconchego
e durmo sossegada
Sem pressa
Sem partida

Apenas ficando
Deixando ficar
Fazendo o melhor que posso fazer
Sendo mulher
Regando frutos
Arregaçando mangas
Cuidando com amor
O que Deus me coloca nas mãos.


Romilda Santos
26/02/12

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