Eu sei que minha intensidade pode cansar aos que não estão
acostumados a transbordar, eu muitas vezes não caibo dentro de mim, então eu
derramo, me espalho.
Não posso contar quantas
vezes em pedaços sinto a minha carne arder, até a alma não saber como se faz
para parar de sentir tanto.
Mas sem sentidos uma vida não é vida, não vivo na superfície,
eu sinto muito aos que não sabem como sentir a vida.
Quando em minha volta o mundo é pequeno demais para suportar
tamanha imensidão, eu mudo a rota e recomeço para o novo que de novo em algum
momento vai se repetir; conflitos de outros não meus conflitos.
Eu não sei o tamanho que se chega a uma vida inteira e
também não quero medir ou colocar um inicio e fim, até porque não acredito em
nenhum final, nada do que se vive ou que se tem história tem um fim.
Se viveu, se sentiu então ficou para sempre e ao infinito,
pode não fazer parte do dia a dia, mudar rumos, amores que serão trocados, novas
paixões, mas nunca e nunca mais, talvez não exista.
Uma sobra de pensamento é a marca da eternidade.
Ainda que existam outros planos, ainda que existam outros
caminhos, os caminhos que trilhei fazem parte de uma memória e provavelmente aquilo
que doeu pare de sangrar torne-se um sorriso no canto dos lábios e um caricia
na hora de dormir tranquilamente em novos sonhos.
A fotografia da vida é para sempre.
A vida que tenho dentro de mim grita alto para ser sempre grande,
por onde eu for, por onde eu passar eu deixarei o melhor de mim, ainda que seja
breve ou só de passagem, o amor é ainda o melhor caminho, que seja sempre maior
e verdadeiro.
Romilda Santos