quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Canção roubada


  É para mim esta canção ou é pra ela
  Sou esta rosa que plantou, que floresceu
  Ou sou a rosa inventada?
  Seu silêncio mudo me cala
  E de mim rouba a fala
  E o verso não mais se escreve.

  Tem as dálias no campo
  E em tempo de colheita
  Deixo outra  no canto
  A espreita de uma outra hora
  Pra que em tempo ainda encontre
  Outro dono do destino
  Já que levaste o meu,
  Assim mesmo, sem aviso.

Romilda Santos
ps: um dos guardados de 2006

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Em outro tempo


 Já ouviu falar de encontros de almas?
Eu acredito nesses encontros
Acontecem quando menos se espera
E eles já estão marcados
Quando encontramos com nossa outra alma,
A gente reconhece em um segundo
E não entende como desconhecidos se conhecem tanto
São afinidades infinitas...

Eu te encontrei...
Não, eu não te encontrei, eu te reencontrei
Meu encontro de alma no desencontro do tempo
Ah esse tempo que é imperdoável e tão valioso
Não permite que eu permita uma insensatez
Maldita razão que coloca meus pés no chão
E que me faz retornar de outras dimensões
De onde eu não lembro, mas eu sei que já fomos únicos.

Agora sei que aqui não pode ser
Ainda que tenha uma dor doída da falta que já me faz
Te deixo por aí vivendo seu tempo
Sim, eu já vou indo
A gente se encontra em qualquer tempo
E que seja o mesmo tempo.

Romilda Santos

sábado, 28 de julho de 2018

Desregrada


Eu que não sei trilhar qualquer caminho
Eu que não ouço as regras impostas
Eu que dito e edito minha história
Uma gaiola até posso entrar
Mas não me feche a porta
Senão morro sem ar...

As rosas vermelhas são bonitas
Mas as amarelas, essas me encantam
És para mim meu poema
Toda vez que lê minha alma
Fico despida sem segredo
Eu que não vou ficar
Sei o que vou levar
A imensidão que poucos conhecem
Ah! Isso é além da vida!

Romilda Santos

sábado, 2 de junho de 2018

Ainda sobre a intensidade

Muitos dizem que sou intensa, talvez essa seja a melhor definição para quem nasceu com sede de viver a vida e sentir a cada dia o estomago saltitar em borboletas.

Me sinto sempre pronta a pular de paraquedas, voar pelos ares e ver montanhas.
Eu amo muito, sinto demais, extrapolo os limites e por onde passo as vezes deixo a sensação que passou um redemoinho.
A mesmice não me enche os olhos.

Sou como fogueira acesa e não importa se eu mesma as vezes possa me queimar, prefiro sentir a alma arder do que ser meio morna.

Meu coração não é blindado e as vezes se quebra em mil pedaços.
E não me importa quantas vezes eu tenha que juntar pedaços, cada parte é uma história a ser contada como se lê uma poesia!

Sou mil faces e todas elas são verdade, cada um que chegar e quiser ser profundo vai mergulhar no mundo de mil cores.

Eu sou um livro sendo escrito todos os dias, muitos não conseguem ler e tudo bem eu continuo...
Reconheço aos que não sabem lidar com tanta emoção, respeito cada um, mas jamais deixarei de ser esse turbilhão que me faz respirar todos os dias!

Prefiro ser assim loucamente anormal, a intensidade é também alma leve, brisa no pensamento e aconchego na alma.

Gosto também de fazer silêncio e das delicias de ouvir o coração!
Meus sentimentos falam alto e não sabem ser disfarçados, minha alma não sabe mentir...

Romilda Santos

sábado, 13 de janeiro de 2018

Daqui para sempre

Eu sei que minha intensidade pode cansar aos que não estão acostumados a transbordar, eu muitas vezes não caibo dentro de mim, então eu derramo, me espalho.

 Não posso contar quantas vezes em pedaços sinto a minha carne arder, até a alma não saber como se faz para parar de sentir tanto.

Mas sem sentidos uma vida não é vida, não vivo na superfície, eu sinto muito aos que não sabem como sentir a vida.

Quando em minha volta o mundo é pequeno demais para suportar tamanha imensidão, eu mudo a rota e recomeço para o novo que de novo em algum momento vai se repetir; conflitos de outros não meus conflitos.

Eu não sei o tamanho que se chega a uma vida inteira e também não quero medir ou colocar um inicio e fim, até porque não acredito em nenhum final, nada do que se vive ou que se tem história tem um fim.

Se viveu, se sentiu então ficou para sempre e ao infinito, pode não fazer parte do dia a dia, mudar rumos, amores que serão trocados, novas paixões, mas nunca e nunca mais, talvez não exista.

Uma sobra de pensamento é a marca da eternidade.

Ainda que existam outros planos, ainda que existam outros caminhos, os caminhos que trilhei fazem parte de uma memória e provavelmente aquilo que doeu pare de sangrar torne-se um sorriso no canto dos lábios e um caricia na hora de dormir tranquilamente em novos sonhos.

A fotografia da vida é para sempre.

A vida que tenho dentro de mim grita alto para ser sempre grande, por onde eu for, por onde eu passar eu deixarei o melhor de mim, ainda que seja breve ou só de passagem, o amor é ainda o melhor caminho, que seja sempre maior e verdadeiro.


Romilda Santos